Muito
se fala do atual sistema de Segurança Pública em nosso Estado, porém, observo
com freqüência muita oposição ao que já está estabelecido, sem que, no entanto,
ninguém pense em coisa melhor. Lembro aos críticos que, ninguém se perde pelo
que não sabe, mas sim pelo que pensa saber. As reclamações são tantas e, tentam
a todo custo desacreditar o trabalho da Polícia Militar, e em especial ao
Comando de Policiamento Comunitário, projeto conhecido como Programa Ronda do
Quarteirão, que chegam a serem ridículas e pueris. Tentarei mostrar aqui, sem
muita verborragia, que o Ronda do Quarteirão não só é um projeto viável, como
necessário à sociedade cearense.
Bem,
como disse o filósofo Aristóteles, em seu livro a Política “Ora, um amigo é
nosso igual e nosso semelhante”, este filósofo de certo modo adiantou as bases
do Projeto Ronda, igual e semelhante, para ser amigo. Entendendo que é a
amizade que conduz os homens a vida social, era preciso colocar o policial bem
no cerne deste acontecimento, daí o policial do Ronda do Quarteirão ser amigo
da comunidade, ser a “polícia da boa vizinhança”, ser o representante do
Estado. E não poderia ser diferente, já que a finalidade do Estado é a
felicidade da vida. O policial do Ronda está lá para fazer a sua parte; para
agir de acordo com a lei e a ordem; para conduzir os menos favorecidos a
justiça, e a justiça não é um princípio de destruição do Estado, como muitos
querem que seja, mas ao contrário a justiça é um princípio de construção do
Estado justo e igualitário. O Programa Ronda é viável por que ele é igual e
semelhante à sociedade e como tal torna-se amigo e protetor dela. Este policial
é um guardião da vida, um lutador da comunidade a quem protege, a este
profissional não cabe o amor-próprio, mas o amor-de-si, o amor-próprio é
egoísta e patético, pois só pensa em si mesmo, em como lhe agradar e se tornar
o tal e qual, já o amor-de-si pensa no outro, na alteridade, no seu próximo,
pensa naqueles que mais precisam dele, pensa em como servir melhor seu
semelhante, e aqui consiste uma grande diferença, ao policial cabe sempre a
escolha do bem do seu próximo e, isso até mesmo em detrimento do seu bem maior,
a saber, sua própria Vida. A fim de reforçar minhas alegações quero citar aqui
um trecho do livro Emílio do filósofo Jean-Jacques Rousseau “Nenhuma sociedade
pode existir sem trocas, nenhuma troca sem medida comum, nenhuma medida comum
sem igualdade. Assim, toda sociedade tem como primeira lei alguma igualdade
convencional, quer seja dos homens, quer seja das coisas”. Essa troca entre
sociedade
e Polícia Militar, necessitava de uma medida comum de igualdade, e essa medida
se chama Programa Ronda do Quarteirão, que logicamente não é constituído de
coisas, mas de homens, sim a polícia não é formada de máquinas que não pensam,
nem têm sentimentos, muito pelo contrário ela é formada de homens e mulheres,
que saíram do meio da própria sociedade, resumindo somos humanos, assim
pergunto, que sabedoria haverá para nós policiais fora da humanidade? Respondo:
nenhuma, porque o policial e o cidadão, qualquer que seja não têm outro bem a
dar a sociedade, senão eles próprios. Portanto, policiais, sejais humanos
sempre, pois este é o nosso primeiro dever, e em todas as situações. Posto
assim, concluo que o Programa do Quarteirão, com certeza absoluta é um projeto
viável e necessário e no meu entender deve permanecer.
Para
finalizar gostaria mais uma vez de citar o Emílio, de Rousseau, “A vida é
curta, menos pelo pouco que dura do que porque desse pouco tempo quase nenhum
temos para apreciá-la. Por mais que o momento da morte esteja longe do
nascimento, a vida é sempre demasiado curta quando esse espaço é mal
preenchido”. Esta citação nos faz perceber o quanto a nossa vida é curta, porém
bela para se viver, nós, policiais militares, que enfrentamos grandes desafios
todos os dias para garantir a paz social, devemos sim, apreciar mais a vida,
dar mais valor a ela, passar mais tempo com as pessoas que gostamos e amamos, a
vida é curta preenchamos os espaços com mais alegrias, mais saúde, mais
bondade, mais serenidade, pois queiramos ou não, o fim um dia chegará, e o que
temos feito para quem ficará? Devemos refletir sobre este assunto, pois
querendo ou não, deixaremos um legado, e qual é o seu?
Cabo PM Edney
Silva, SSPDS/CE.
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